May Contain Lies

### Livro May Contain Lies

**Título Original:** *May Contain Lies: How Stories, Statistics, and Studies Exploit Our Biases—And What We Can Do About It*
**Autor:** Alex Edmans
**Tradução do Título:** “Pode Conter Mentiras: Como Histórias, Estatísticas e Estudos Exploram Nossos Vieses—E O Que Podemos Fazer Sobre Isso”

#### **Ideia Central do Livro:**
Vivemos na “Era da Informação”, mas também na “Era da *Des*informação”. Nos deparamos constantemente com alegações—seja em manchetes, posts de redes sociais, podcasts ou best-sellers—que se apresentam como fatos baseados em dados, histórias convincentes ou pesquisas científicas. No entanto, muitas dessas alegações são enganosas, distorcidas ou completamente falsas.

O livro não é sobre “notícias falsas” óbvias, mas sobre como informações que **”podem conter mentiras”** (daí o título) passam por verdades porque se alinham perfeitamente com os vieses cognitivos do nosso cérebro. Edmans argumenta que o problema não é apenas a desinformação intencional, mas a nossa própria predisposição a acreditar no que confirma nossas crenças pré-existentes.

#### **Por que Caímos Nisso? Os 4 Tipos de Viés:**

Edmans estrutura o livro em torno de quatro tipos principais de vieses que nos levam a interpretar mal a informação:

1. **Viés de Confirmação (Confirmation Bias):** Tendemos a buscar, aceitar e lembrar de informações que confirmam o que já acreditamos e a ignorar ou descartar evidências contrárias.
* **Exemplo:** Um defensor de uma determinada dieta vai compartilhar apenas estudos que mostram seus benefícios e desconsiderar estudos que mostram riscos.

2. **Viés de Autoridade (Authority Bias:** Damos peso excessivo à opinião de especialistas, gurus ou pessoas famosas, mesmo que eles não sejam especialistas no assunto em questão ou que suas alegações não sejam respaldadas por dados sólidos.
* **Exemplo:** Um CEO de sucesso dando palestras sobre liderança, mesmo que suas práticas sejam questionáveis ou não replicáveis.

3. **Viés de Causação (Causation Bias):** Confundimos correlação com causalidade. Assumimos que porque duas coisas acontecem juntas, uma必然mente causa a outra, o que nem sempre é verdade.
* **Exemplo:** “Países que consomem mais chocolate per capita têm mais ganhadores do Prêmio Nobel. Portanto, chocolate torna você mais inteligente.” (Ignorando fatores como riqueza e investimento em educação).

4. **Viés de Contexto (Context Bias):** Aceitamos uma estatística ou história sem questionar o contexto completo em que ela foi gerada. Dados podem ser cherry-picked (selecionados a dedo) ou tirados de um ambiente específico que não se aplica à situação geral.
* **Exemplo:** Citar o sucesso de uma empresa em um setor de nicho como uma receita universal para o sucesso empresarial.

#### **A Estrutura para Avaliar Alegações: Os 4 Níveis de Verdade**

Para combater esses vieses, Edmans propõe uma estrutura prática para avaliar qualquer alegação. Devemos classificar a informação em um de quatro níveis:

* **Nível 1: A alegação é precisa?** A informação foi relatada corretamente? Os dados foram fabricados ou distorcidos?
* **Nível 2: A alegação é precisa, mas generalizada?** Os dados são verdadeiros em um contexto específico, mas são aplicados de forma muito ampla? (Ex.: um estudo com ratos usado para fazer alegações sobre humanos).
* **Nível 3: A alegação é precisa e generalizável, mas imputa causalidade?** A alegação assume uma relação de causa e efeito onde pode haver apenas uma correlação.
* **Nível 4: A alegação é precisa, generalizável e causal?** Este é o padrão-ouro, mas muito raro. São alegações verdadeiras, aplicáveis e que comprovam causa e efeito.

A maioria das alegações problemáticas para no Nível 2 ou 3.

#### **O Que Podemos Fazer? (The Solution)**

O livro não se limita a diagnosticar o problema; ele oferece um “antídoto”. A solução proposta por Edmans é dupla:

1. **Pensamento Crítico Ativo (“Critical Thinking”):** Adotar uma mentalidade de ceticismo saudável. Sempre perguntar: “Qual é a evidência para isso?”, “Quem está financiando este estudo?”, “Qual é a amostra?”, “Isso mostra correlação ou causalidade?”.

2. **Diversidade Cognitiva (“Cognitive Diversity”):** Intencionalmente nos cercarmos de pessoas e fontes de informação que desafiam nossas visões de mundo. Debater com quem pensa diferente não para “vencer”, mas para testar a robustez de nossas próprias crenças e evitar a câmara de eco.

#### **Conclusão Traduzida:**
“May Contain Lies” é um guia essencial para a alfabetização de dados no século XXI. Ele ensina que a credibilidade de uma informação não depende apenas de *quem* a diz, mas de *como* ela é construída e apoiada por evidências.

A mensagem final é de **humildade intelectual**: reconhecer que nossos cérebros são vulneráveis a vieses e que a busca pela verdade requer um esforço consciente para questionar não apenas os outros, mas principalmente a nós mesmos.

**Em resumo, o livro é um manual para navegar um mundo cheio de informações enganosas, armando-nos com as ferramentas necessárias para separar fatos de ficção, dados de distorções e histórias verdadeiras de narrativas convenientes.**